Em grandes centros urbanos, não necessariamente capitais brasileiras, os carros considerados de luxo, atualmente são vistos com muita frequência nas ruas. Há quatro ou cinco anos atrás, esses “carros de rico” custavam na casa de R$ 100 mil ou até menos, mas hoje em dia, para ter um modelo verdadeiramente premium, o preço inicial ronda pela casa de R$ 150 mil, de acordo com artigo do Estadão.
Antes, não havia muitos nas ruas, mas com a mudança no panorama do mercado brasileiro nos últimos anos, o carro de luxo acabou se tornando acessível para muitos consumidores, que até então estavam em segmentos mais abaixo. Mas não apenas isso, sua principal missão – em especial no Brasil, diga-se de passagem – acabou caindo por terra, a exclusividade.
Se antes, o consumidor que queria se destacar no lugar comum deveria investir acima de R$ 100 mil para ter um status no trânsito, mas agora isso só consegue ser obtido acima de R$ 200 mil, segundo o jornal. Com o mercado brasileiro indo do sucesso ao fracasso em questão de poucos anos, o legado do curto período de pujança colocou nas ruas muitos carros de luxo ou modelos caros em grande quantidade, daí hoje as ruas das cidades grandes estarem cheias de “carros de rico”.
Mesmo com a recessão econômica e a consequente queda nas vendas de automóveis, quem sofreu mais foram os consumidores de baixo poder aquisitivo, que fizeram o mercado despencar de modo geral, mas as vendas de carros mais caros continuaram estáveis por mais tempo, até começarem a cair também. No começo da implantação de fábricas para produção nacional, há cerca de quatro anos, as montadoras precisavam fazer volume para justificar o investimento recente no Brasil.
Assim, chegamos a ver os carros de marcas premium com preços de carros médios. Não era raro vermos modelos da BMW e Audi com preços até abaixo de R$ 90 mil. Com essa ofertas, o mercado de luxo era visto como novo filão no Brasil e, sim, naquela época, a exclusividade ficou em segundo plano nas ações das montadoras. Mesmo a Mercedes-Benz se aproximou das rivais para oferecer produtos mais baratos, assim como a Jaguar e Land Rover, embora um pouco mais acima. As vendas geralmente ficavam entre 15 mil e 20 mil por ano.
No entanto, não foram apenas as marcas premium que fizeram o “carro de rico” ficar mais “popular”. O SUV, em termos gerais, é o principal produto que tornou acessível um produto até então para poucos. Mesmo com EcoSport e Duster, algo maior e mais sofisticado só mesmo no mercado de luxo.
Assim, os novos players desse segmento chegaram sem cerimônia com preços bem mais elevados e alguns passam fácil dos R$ 100 mil. Mais recente, o compacto deixou de ser referência para altas vendas entre os utilitários esportivos, pois o Compass provou que mesmo sendo médio e mais caros que a maioria, chegou a ser líder mensal. Mas, com isso veio a popularidade e agora é visto com frequência em quase qualquer lugar. Ou seja, a exclusividade ficou em segundo plano. Se o Corolla vendeu 6,6 mil no mês de agosto, o Classe C emplacou 10 vezes menos, mas ainda assim um bom número para um período de crise: 624 unidades.
A diferença nessa mudança do consumo de automóveis no Brasil em meio à pior crise do país, fez com que o segmento de carros de luxo ampliasse seu market share, enquanto os carros verdadeiramente populares entraram em declínio. Como a tendência – uma das poucas, infelizmente – mundial dos SUVs chegou com força ao país, fazendo com que 25% do Top 20 mensal seja composto por utilitários esportivos, essa participação acabou tomando dimensões impensáveis poucos anos atrás.
[Fonte: Estadão]
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