Nos discursos escorregadios de Manuela D’ávila o comunismo pode se tornar atrativo, mas a realidade do regime chocaria qualquer eleitor desavisado de Fernando Haddad (PT). A candidata à vice-presidência da República pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) costuma esquivar-se quando questionada, em entrevistas, sobre as práticas criminosas de regimes comunistas na história.
É comum ouvirmos D’ávila justificar: “queremos um socialismo com a cara do Brasil”. Em paralelo, o partido ao qual pertence, e defende com unhas e dentes, declara apoio à genocidas como Kim Jong Un, ditador da Coréia do Norte.
Muitos homossexuais brasileiros se encantaram pelo glíter que o PCdoB jogou sobre as intermináveis pilhas de corpos das vítimas dos genocídios comunistas. Mas, afinal, o que o comunismo reserva para homossexuais?
Por onde o socialismo passava, o discurso de que a homossexualidade era uma prática burguesa se repetia. Lenin foi taxativo para a jornalista alemã Clara Zetkin:
“Parece-me que esta superabundância de teorias sobre sexo brota do desejo de justificar a própria vida sexual anormal ou excessiva do indivíduo ante a moralidade burguesa e reivindicar tolerância para consigo. Não importa quão rebeldes e revolucionárias aparentam ser; essas teorias, em última análise, são completamente burguesas. Não há lugar para elas no partido, na consciência de classe e na luta proletária.”
Um artigo publicado pelo O Globo, em 2009, traz a realidade de um homossexual chinês. Ba Li fugiu do seu país comunista e contou como os gays são tratados pelo regime.
“Os homossexuais sofreram perseguição pública, segregação social, castigos físicos e prisão durante e depois da Revolução Cultural, como parte da limpeza lançada em nível nacional por Mao Tsé-Tung contra todos os elementos contra-revolucionários”. Leia o relato completo.
O jornalista Rodrigo da Silva desnudou a perseguição aos gays em Cuba.
Em Cuba não foi diferente. Em 1965, seis anos após tomar o poder na ilha, Fidel declarou ao jornalista norte-americano Lee Lockwood:
“Nunca acreditei que um homossexual pudesse encarnar as condições e requisitos de conduta que nos permite considerá-lo um verdadeiro revolucionário, um verdadeiro comunista. Um desvio de sua natureza se choca com o conceito que temos do que um comunista militante deve ser.”
No mesmo ano, ao lado de Che Guevara, ele criaria as “Unidades Militares de Ayuda a la Producción” – que no outro lado do mundo atendia pelo carinhoso nome de Gulag – acampamentos de trabalho agrícola com cercas de 4 metros de arame farpado, onde homossexuais e outros indivíduos contra-revolucionários realizariam trabalho forçado nos canaviais, dedicando suadas 16 horas de labuta para sustentar a bigodagem revolucionária, em condições tão degradantes quanto as encontradas nas concentrações nazistas – onde os gays também sofriam nas mãos do coletivismo, marcados por um triângulo rosa.
Penteados extravagantes, calças apertadas, camisas coloridas e “maneirismos efeminados” eram vistos como uma afronta ao estado cubano, ainda que as práticas privadas não fossem vistas como um tormento à revolução – a condenação residia na exibição pública da homossexualidade, no cubano que ousava se comportar nas ruas como um indivíduo livre, no gay que desafiava a formação do “novo homem” que o regime promovia.
MANUELA D’ÁVILA FALA SOBRE COMUNISMO NO BRASIL
As contradições da moça não são novidade. A comunista sempre se arma ao ser confrontada sobre as defesas que o PCdoB faz e as ideias autoritárias enraizadas na ideologia que mais matou na história.
Os homossexuais que apoiam Manuela D’ávila e Fernando Haddad ainda não sabem, mas estão emprestando as costas como trampolim para políticos atrasados, desonestos, mal-intencionados e amantes do “poder pelo poder”. Serão, assim que não servirem mais aos interesses revolucionários, descartados como folhas de papel rabiscadas.