Os serviços de monitoramento das forças nacionais de segurança, que atuam em conjunto em algumas investigações, identificaram um plano ousado da maior facção criminosa brasileira e o Paraná está no foco das ações. O PCC (Primeiro Comando da Capital) articula rebeliões em série para todo o País a partir de 1º de janeiro de 2019, dia da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
As investigações apontam que no epicentro dos motins estão cadeias públicas, sobretudo no Paraná – onde há dezenas de faccionados encarcerados – e em presídios estaduais onde o grupo tenta fixar bandeira há pelo menos duas décadas.
Na gíria da facção considerada célula terrorista, já foi dado o “salve geral” para deixar os presos atentos ao momento para iniciarem as rebeliões.
O principal motivo para que “virem as cadeias” está nos anúncios frequentes do endurecimento por parte do novo governo com o crime organizado, em especial a proposta do futuro ministro da Justiça e Segurança Sérgio Moro para o recrudescimento das leis e a concessão de menos benefícios para quem pratica esses crimes.
Sem dinheiro
A revolta do PCC vem num momento em que o grupo passa por uma espécie de enfraquecimento financeiro. A disputa por espaços em regiões como a fronteira do Brasil com o Paraguai, onde o grupo vinha dominando mas tem perdido espaço para outras facções como o Comando Vermelho, e atos que lhe custaram caro demais como a morte encomendada de agentes em execuções penais (dentre eles dois em Cascavel) fizeram com que o grupo recuasse nos planos de atacar instituições de segurança.
Esse poderia ser um dos motivos pelos quais a facção não tenha determinado que agentes sejam feitos de reféns nem a morte de policiais durante as rebeliões programadas.
Alerta
Segundo fontes do setor de segurança pública consultadas pela reportagem, já há um alerta sendo emitido para os grupos de controle que atuam nos presídios e nas cadeias. “Não se tem uma data específica para que isso ocorra, mas a determinação é para que sejam iniciados os motins a partir da posse do novo presidente, estamos em alerta”, revelou uma das fontes.
PEC na mira do PCC
Parte das articulações tem vindo do Paraná, estado considerado a segunda casa do PCC e que concentra o segundo maior núcleo do grupo armado em todo o Brasil, atrás apenas de São Paulo, estado-mãe da célula.
Dentre as principais penitenciárias na mira dos motins está a PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel), onde há centenas de integrantes do grupo.
A preocupação é reforçada ante a vulnerabilidade da estrutura, destruída em duas rebeliões que teriam sido articuladas pelo próprio PCC, uma em agosto de 2014 e outra em novembro do ano passado. Até hoje a reforma não foi concluída.
O presídio abriga entre 800 e 900 presos em um espaço reduzido, que tem paredes quebradas, infiltrações e é identificada por autoridades em segurança como um “queijo-suíço” pela quantidade de buracos que possui.
A articulação também envolve presos que estão nos cinco presídios federais de segurança máxima, dentre eles Catanduvas. Nesses casos, como rebeliões e bate-grades nunca foram identificados nos quase 13 anos da implantação das estruturas, a ordem é que os detentos façam greve de fome.
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