Facebook e Apple poderão ter o controle que a KGB nunca teve
Pesquisador apontou risco da tecnologia ter ainda mais influência sobre os seres humanos Foto: Divulgação
O professor de História da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yuval Noah Harari, afirmou que o nível de controle que as tecnologias e redes sociais possuem, e poderão possuir, sobre as decisões e vontades humanas, ultrapassa qualquer paralelo existente na história da humanidade.
Em entrevista concedida ao site El País, Noah afirmou que Facebook e Apple poderão ter um controle sobre os cidadãos maior até do que a KGB, o serviço de inteligência da extinta União Soviética, já teve. Harari disse ainda que em poucas décadas as máquinas terão ainda mais poder do que atualmente.
– O cérebro é tão complexo que nem a KGB soviética, espionando os cidadãos o tempo todo, era capaz de entender as pessoas ou predizer seus gostos e desejos. Em certo sentido, isso nos torna livres. Mas, no século XXI, estamos adquirindo mais conhecimentos biológicos e os computadores têm mais poder. Assim, o que a KGB era incapaz de controlar, o Facebook e a Apple conseguirão em… 10, 20 ou 30 anos? – questionou.
Harari também falou sobre as perspectivas relacionadas aos empregos e disse que há a possibilidade de que diversos trabalhos sejam substituídos pela inteligência artificial, sem a garantia de que surjam novas ocupações em número suficiente para substituir aqueles postos que serão perdidos para as máquinas.
– Não temos nenhuma garantia de que os trabalhos que vão surgir serão suficientes para compensar os que vão desaparecer. Também não está claro se os humanos serão capazes de realizar esses novos trabalhos melhor que a inteligência artificial. E, ainda, um terceiro problema é quantas pessoas terão a habilidade necessária para se reciclar – destacou.
O estudioso também citou a influência das máquinas sobre o comportamento humano, ao detalhar que “um dos grandes perigos” é que os computadores passem a conhecer os seres humanos melhor do que eles mesmos. Como exemplo, ele usou o caso da mastectomia feita pela atriz Angelina Jolie que, mesmo não estando doente, fez o procedimento baseada em uma análise virtual.
– Por exemplo, Angelina Jolie fez um exame de DNA e encontrou uma mutação em um gene que, segundo o algoritmo, indicava uma possibilidade de 87% de desenvolver um câncer de mama. Naquele momento não estava doente, sentia-se perfeitamente bem. Mas se submeteu a uma dupla mastectomia. E, na minha opinião, fez bem – completou.
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