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“Não tenho medo deles”: freira chamada Esperança encara ditadura de Maduro

Imagem da freira corajosa de 70 anos volta a comover o mundo em meio ao caos na Venezuela

Enquanto a Venezuela continua mergulhada em uma das mais dramáticas crises políticas, sociais e econômicas da história da América do Sul, uma imagem tocante volta a viralizar depois de 2 anos, comovendo o país e o mundo em meio às tensas manifestações populares dos últimos dias: é a cena em que a irmã Esperanza, de 70 anos, encara de frente a repressão da polícia do regime bolivariano durante a Marcha do Silêncio realizada em 22 de abril de 2017.

Massivas manifestações pacíficas tomaram a Venezuela no início daquele mês contra a ditadura de Maduro, com cerca de 2,6 milhões de participantes na assim chamada “Mãe de Todas as Marchas”, em Caracas, e outros 6 milhões de venezuelanos em demais cidades do país, conforme levantamento do instituto de pesquisas Meganálisis. Ao menos 24 pessoas foram assassinadas naqueles dias em contextos ligados diretamente às manifestações e à repressão ditatorial. Foi para recordar esses mortos que milhares de cidadãos da Venezuela se juntaram à “Marcha do Silêncio” de abril de 2017, muitos deles rezando em alta voz enquanto marchavam. E era lá no meio deles que estava aquela freira de nome inspirador: Esperanza, que quer dizer justamente Esperança, em espanhol.

Ela mesma conta:

“[A Guarda Nacional Bolivariana] não deixava passar. Começaram a jogar suas bombas [de gás lacrimogêneo]. Eu me aproximei do chefe deles e disse: Como é que pode? Vocês são venezuelanos! Nós somos venezuelanos”

E acrescentou:

“Eu não tenho medo deles”.

O então governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, elogiou no Twitter a postura da irmã Esperanza:

“Até a noite mais escura terminará com o nascer do sol. Deus a abençoe e acompanhe, Irmã Esperanza!”

Grupos alinhados à ditadura de Nicolás Maduro disseminaram a versão de que a freira era cubana e tinha vínculos com operações de contra-inteligência, o que foi veementemente negado pela Conferência Episcopal Venezuelana, que enfatizou, em referência à sua congregação religiosa:

“Ela é filha de Maria Auxiliadora, salesiana. Não ecoemos falsos rumores”.

Dois anos depois da emblemática cena, a irmã Esperanza continua simbolizando a esperança de uma nação em frangalhos.

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