Vídeo foi gravado em Caracas por Jorge Ramos, um dos jornalistas de língua espanhola mais respeitados dos EUA. Equipamento foi confiscado e jornalistas, deportados.
26/02/2019
Na Venezuela de Nicolás Maduro, a detenção e até o sequestro de jornalistas são frequentes. Nas últimas 24 horas, houve mais dois casos.
Foram essas imagens que enfureceram Nicolás Maduro e o levaram a deter jornalistas de uma TV americana: três jovens reviram um caminhão de lixo em busca de restos de comida. O rapaz diz: “Estamos com fome”. O homem se revolta, diz que é pai de família e faz isso todos os dias para conseguir comer. “É preciso trocar o presidente, não podemos viver assim”, diz ele.
O vídeo foi gravado em Caracas por Jorge Ramos, um dos jornalistas de língua espanhola mais respeitados dos Estados Unidos. Segundo o repórter, quando ele mostrou as imagens, Maduro se levantou e interrompeu a entrevista.
“Eu disse a ele: ‘Isso é o que ditadores fazem, não os democratas’”, contou Ramos, já no aeroporto.
Os seis jornalistas que faziam parte da equipe ficaram detidos no Palácio Miraflores por duas horas. Eles passaram a noite no hotel e foram deportados e desembarcaram em Miami na tarde desta terça-feira (26).
Câmeras, vídeos e até os celulares deles foram confiscados. A produtora Ana Martinez contou que a equipe de Maduro apagou as luzes e que, no escuro, foi revistada.
O ministro das Comunicações da Venezuela, Jorge Rodriguez, disse que centenas de jornalistas foram bem recebidos no Palácio Miraflores, mas que o governo não se presta ao que chamou de show barato.
Representantes de 17 organizações que defendem a liberdade de imprensa assinaram um comunicado conjunto condenando a intimidação e a censura de Maduro.
Um jornalista da Telemundo – outro canal americano em espanhol – foi detido na manhã desta terça quando fotografava a deportação da equipe de Jorge Ramos. Num comunicado, o canal disse que ele foi sequestrado e interrogado por seis horas, até ser liberado por homens que não se identificaram.
Na segunda-feira (25), Maduro também deu entrevista para a rede americana ABC. Acusou os Estados Unidos de fabricarem uma crise para se apropriar do petróleo da Venezuela, mas afirmou que gostaria de dialogar com o presidente Donald Trump.
Em Nova York, o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu para discutir a crise na Venezuela. Estados Unidos, União Europeia e vários países ocidentais como o Brasil reconhecem o poder de Juan Guaidó. Mas a China e a Rússia, que têm poder de veto, apoiam Nicolás Maduro.
O representante americano pediu que mais países apliquem sanções econômicas contra o governo venezuelano e recusou a oferta de diálogo. “Perguntem a Jorge Ramos, da Univision, sobre o valor do diálogo com Nicolás Maduro”, falou ele.