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Maconha na adolescência aumenta risco de depressão e suicídio

Segundo estudo, a probabilidade de desenvolver depressão aumenta em 37%, enquanto o risco de pensamentos suicidas eleva em 50%

Por Ronaldo Ramos Laranjeira

Na área da medicina, sou categórico em afirmar que quanto mais dados científicos confiáveis, que possam embasar tratamentos ou políticas públicas, melhor. Isso deveria ser praxe e não uma novidade, mas em tempos de fake news e da divulgação de um grande volume de estudos questionáveis, esses dados assumem uma importância ainda maior.

Por que este artigo é tão relevante? Os pesquisadores analisaram os resultados de 11 confiáveis trabalhos internacionais, envolvendo, no total, uma gama de 23.317 participantes acompanhados da adolescência até a fase adulta. Eles foram divididos em dois grupos, um era composto por pessoas que consumiram maconha até os 18 anos de idade e o outro por aqueles que não fizeram uso da droga neste mesmo período. O que os pesquisadores fizeram foi medir o impacto real da cannabis na vida adulta (até os 32 anos) destes participantes, utilizando sofisticadas análises estatísticas. E os resultados impressionam – de uma forma negativa.

Quem usa maconha na adolescência tem um risco 37% maior de ter depressão na fase adulta da vida, do quem não fez uso da droga neste período.  As conclusões não param por aí. Estes mesmos usuários também têm 50% mais chances de apresentarem pensamentos suicidas e um risco de tentativa de suicídio três vezes maior do que aquelas pessoas que não usaram maconha. Tal análise pode ser inclusive relacionada a vários estudos que demonstraram a vulnerabilidade do cérebro em sua fase de desenvolvimento, quando exposto às drogas.

Baseado nos mais de 40 anos que atuo na área de psiquiatria posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que se trata de um dos trabalhos mais relevantes já feito nesta área. Suas características, como número de usuários, periodicidade e credibilidade dos dados analisados, além da metodologia utilizada, o elegem para tal posto, fazendo com que seja impossível ignorar tal evidência científica. Não se trata de achismo e sim de um trabalho científico sério, que demonstra que o uso da maconha na adolescência tem, sim, um impacto significativo na vida adulta, podendo levar até ao suicídio.

Combate às drogas

Este novo estudo representa um alerta ímpar da importância de se combater a epidemia do uso de drogas, inclusive dentre os jovens. Quem acompanha esta coluna sabe do impacto positivo que ações de prevenção têm quando bem executadas, como aconteceu na Islândia, que fez com que a juventude que mais bebia na Europa se tornasse a que adota o estilo de vida mais saudável no continente.

Temos que seguir este tipo de exemplo, pois quando se tem em mãos dados tão fortes como estes, a omissão é uma das maiores irresponsabilidades que podem ser cometidas. Já passou da hora de adotarmos políticas públicas eficazes no combate ao consumo de drogas, baseadas em trabalhos médicos e científicos sérios. Medidas em prol da sociedade e não voltadas a atender interesses econômicos ou ideológicos de alguns, às custas da saúde de muitos (vide os efeitos do álcool e do cigarro). Fazendo isso, daremos grandes passos para proteger o futuro de muitos jovens em nosso país.

Quem faz Letra de Médico

Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida

Eduardo Rauen, nutrólogo
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil, cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista

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