Mais do que Stalin, Mao ou Fidel, a ditadura de Pol Pot no Camboja foi um dos governos mais autoritários e sangrentos que já existiu
JÂNIO DE OLIVEIRA FREIME
Nascido numa vila de pescadores no litoral da Indochina Francesa (colônia no Sudeste Asiático) com o nome de Saloth Sar, em 19 de maio de 1925, Pol Pot é famoso no mundo inteiro pela brutalidade que foi seu governo no Camboja, o qual durou apenas quatro anos. Por muito tempo, ninguém imaginava o que ocorria no país, pois Pol Pot o fechou a qualquer influência internacional.
Desde jovem ele era convicto na luta antimonarquista e anticolonial. De família rica, estudou na França, metrópole do Camboja, e se alinhou em grupos de oposição ao rei Norodon Sihanouk. Nesse período, entrou em contato com a obra de Lenin e Kropotkin, além de reconhecer a luta de Ho Chi Minh no Vietnã, tornando-se então comunista.
Em 1953, com a independência de seu país, retornou ao Camboja e se filiou ao Partido Comunista Indochinês, majoritariamente vietnamita. Em 1960, mudou-sse para o recém-fundado Partido dos Trabalhadores Khmers, e então adota o nome Pol Pot. Inicia sua carreira política definitivamente. Três anos depois, torna-se chefe do partido e o renomeia como Partido Comunista Khmer.
Em 1966, durante uma viajem estratégica na China, na qual Pol Pot tentou desalinhar os vietnamitas no seu país, estoura uma Guerra Civil no Camboja. Pol Pot cria alianças militares e consegue, em 1975, tomar as rédias da guerra e a capital, Phnon Penh. Os comunistas conquistam o governo cambojano e Pol Pot assume a presidência do país com um novo nome: Kampuchea Democrático.
Seu governo foi devastador. Ele reorganizou os trabalhadores do país e deslocou massas entre as regiões. Proibiu uma série de produtos que eram básicos da economia doméstica das famílias, tentando controlar todos os cambojanos.
Deu-se início a um processo de genocídio. Em apenas quatro anos de governo, o regime de Pol Pot matou entre 1,7 e 2 milhões de cambojanos, equivalente a cerca de 25% da população.
O regime de Pol Pot chegou ao fim graças à expansão do Vietnã após a guerra com os EUA. O país, dominado pela Revolução Comunista, invadiu o Camboja e descobriu a situação que lá se passava, como extermínios no campo, a fome generalizada e autocracia do governo.
O Vietnã iniciou um processo de ajuda humanitária aos cambojanos, ao mesmo tempo em que estruturou uma dominação completa do país, que durou até 1989. Pol Pot dirigiu a resistência à invasão vietnamita, mas logo deixou de assumir cargos públicos.
Pol Pot foi sentenciado por dissidentes do Khmer à prisão perpétua, amarrado a uma coluna, mas em 1998, Ta Mok, que deu a sentença, fugiu de ataques militares, indo para o interior da floresta e levando o ex-ditador junto. Pol Pot morreu dias depois, antes que pudesse ser levado novamente à justiça.