POR WANDY RIBEIRO. POSTADO EM POLÍTICA FARMACÊUTICA
Enquanto o mundo espera uma vacina eficaz contra o novo coronavírus (Covid-19), que possa conter o avanço da pandemia que já matou milhares de pessoas, há quem coloque a discussão em torno do antígeno no epicentro de um debate político. Um exemplo disso é o ex-senador e pastor, Magno Malta, (foto), que tem usado suas redes sociais para aconselhar a população a não tomar a vacina contra o novo vírus, que está em fase de testes 3 no Brasil, por meio de uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa farmacêutica chinesa Sinovac.
Ferrenho defensor do presidente Jair Bolsonaro, Malta disparou críticas à potencial substância imunizante desenvolvida pelos chineses: “Disse que a vacina da China está pronta, né? Segundo o noticiário, o governador de São Paulo [João Doria] fez uma aliança e o Butantan seria entregue para a China, olha só que absurdo. Então, a vacina será testada nos brasileiros, eu pergunto a você: você teria coragem de tomar uma vacina feita na China? [O país] que potencializou esse vírus em laboratório e soltou para o mundo. Você tem coragem?”, questiona.
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Vale ressaltar que este antígeno está em fase de testes avançados no Brasil, por meio de uma iniciativa do governador de São Paulo, João Doria, desafeto político de Bolsonaro.
Malta continua: “Por que não é aplicada neles [nos chineses] mesmos? Para depois vender para o mundo? Por que tem que ser aplicada em nós? Eu não tenho coragem!”, afirma o ex-senador, citando nomes de desafetos políticos que ele indica para tomar a vacina da China.
Em seguida, Malta complementa: “Eu não tenho coragem, você tem coragem de tomar uma vacina que veio da China? Eu não tenho, não! Eu escrevi sobre isso no meu Instagram e um cara disse que ‘eu não sabia nada de ciência’, graças a Deus, eu não sei nada de ciência [mesmo], mas da malandragem dessa gente eu entendo, da malandragem da China eu entendo, da malandragem do comunismo eu entendo, cidadão”, afirma ele, entre outras teorias, que misturam ideologias políticas com a potencial vacina chinesa.
Aconselhamento
Já em outro vídeo no seu canal no Youtube, Malta aconselha que a população espere a vacina anunciada pelo ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, que deverá ficar pronta em 2021, com o apoio do Governo americano.
“Nós vamos esperar essa vacina anunciada pelo Pazzuello, ou qualquer iniciativa vinda dos Estados Unidos, porque há anúncios de que as universidades e as pesquisadoras americanas estão bem próximas disso. Porque a potência do mundo é os EUA, e nós estamos junto com eles, porque o Trump é conservador como nós, então, nós não vamos tomar essa vacina do Doria. Então, você que me segue, você que é patriota, [saiba], nós não vamos tomar”, aconselha.
Vacina como plataforma política
Infelizmente, não é só no Brasil que a vacina entrou no epicentro de um embate político. Recentemente, a renomada revista científica Lancet mostrou um levantamento em que 26% dos franceses eleitores da esquerda ou da extrema direita afirmam não tomar uma substância imunizante contra o vírus, em decorrência de suas crenças ideológicas.
Em uma recente publicação, a Universidade de Oxford revelou que as teorias conspiratórias com o vírus e a desconfiança com as diretrizes do Governo levam 12% dos ingleses a recusar um antígeno eficaz contra a doença e 18% a desaconselhar familiares a tomá-la.
Nos EUA, por exemplo, 30% dos americanos não acreditam na utilidade da vacinação e 38% dos alemães não aceitariam tomar uma vacina que seja aconselhada pelo Governo daquele país.