Todo mundo sabe que todas as políticas de privacidade, segurança e remoção de conteúdo do Facebook estão disponíveis no site da rede social. Mas todo mundo também sabe que às vezes uma publicação e perfis que aparentemente estão de acordo com as regras somem e são excluídos repentinamente sem nenhuma explicação. E são nessas situações que a gente se pergunta quais exatamente são os critérios utilizados na hora de censurar uma foto ou um vídeo em específico.
Um extenso documento interno obtido pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung parece ser a resposta para esse questionamento. Nele, são definidas todas as diretrizes da companhia, bem como detalhes sobre como os funcionários devem se portar em situações específicas.
Por exemplo, há um capítulo dedicado única e exclusivamente aos discursos de ódio, com regras e critérios bastante complexos sobre como lidar com esse tipo de retórica. O Facebook não permite “ataques verbais” a uma “categoria protegida” de pessoas, diz o documento. Ainda segundo os papéis, essas categorias são baseadas em uma série de fatores que incluem desde a orientação sexual da pessoa, até alguma deficiência física ou doença mais grave. Alguns grupos, inclusive, contam com subcategorias que recebem “proteção extra”, como por exemplo os menores de idade e idosos.
As coisas começam a ficar complicadas, e um tanto quanto sombrias, nas partes finais do capítulo dedicado aos discursos de ódio. Nelas, o Facebook determina, por exemplo, que estão proibidas frases que contêm um palavrão seguido diretamente por uma afiliação religiosa, e usa como exemplo “malditos muçulmanos”. O mesmo, entretanto, não é válido para a palavra “imigrantes”, já que eles são considerados pelo site um “grupo semiprotegido”.
De acordo com o diário alemão, são regras extremamente difíceis de compreender e que apenas dificultam a moderação do conteúdo que é publicado no Facebook. À publicação, um funcionário anônimo que trabalha na equipe de moderação de conteúdo do Facebook em Berlim classificou as diretrizes como “torturantes”: “As regras são praticamente impossíveis de entender. Certa vez disse ao meu superior: ‘isto é uma loucura. Esta foto está repleta de sangue e brutalidade, ninguém deveria ver isso’. E então ele me respondeu: ‘essa é a sua opinião. Você tem de parar e pensar no que o Facebook quer’. Eles querem que trabalhemos como robôs”.
Procurado pelo pessoal do Digital Trends, o Facebook não se manifestou sobre a veracidade do documento, tampouco comentou as alegações do funcionário.
Fonte: Süddeutsche Zeitung, Digital Trends