O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel encomendou 300 respiradores pulmonares para infectados em estado grave no final e março. A ideia era que ao menos 100 desses aparelhos fossem entregues em até cinco dias e o restante, em dez. Tão logo foi iniciado o processo de compra, uma pequena empresa, a MHS Produtos e Serviços, que nunca havia fornecido esse tipo de produto, enviou uma proposta: 56,2 milhões de reais. Essa foi a única oferta realizada. A aprovação da contratação saiu poucas horas depois. Um negócio e tanto para um jovem estudante que mora fora do Brasil e administra um podcast, relata a revista Veja.
Segundo o veículo, até a semana passada, 24, Guilherme Sismil Guerra, de 19 anos de idade, era sócio majoritário da MHS Produtos e Serviços, “CO-CEO” de um programa de podcast desconhecido no Spotify e responsável por fornecer 300 respiradores para o estado do Rio de Janeiro. Nenhum aparelho, porém, foi entregue conforme o previsto. Por causa disso, o Ministério Público (MP) e o Tribunal de Contas do estado (TCE) resolveram apurar o caso. Após o início das investigações, o jovem estudante acabou saindo da sociedade da empresa – e o seu pai, Glauco Guerra, ex-funcionário da Receita Federal, assumiu a administração do negócio. “A empresa sempre foi minha”, reconhece o ex-servidor público, que se aposentou em dezembro. Além de ser contratada pelo governo do Rio, a MHS também presta serviços para a Eletrobras, o Exército, a Marinha, entre outros órgãos públicos.
A Secretaria de Saúde firmou três contratos de, somados, R$ 183,6 milhões. O valor unitário do respirador variou de R$ 169 mil a R$ 198 mil.
As empresas que cobraram mais caro, MHS Produtos e Serviços e A2A Informática, não entregaram nenhum dos 300 ventiladores prometidos até esta quinta-feira (30). A Our Company disponibilizou apenas 52 das 400 unidades contratadas.
Todas foram contratadas para importar o equipamento da China, país que concentra a produção de ventiladores e está sob forte demanda mundial em razão da pandemia do Covid-19.