LIGIA LOTÉRIO 3 DE AGOSTO DE 2017
Pesquisadores da Universidade de Harvard desenvolveram uma cola medicinal inspirada no muco de lesmas que adere a superfícies – mesmo as úmidas – em menos de três minutos e tem resistência tão forte quanto a própria cartilagem do corpo.
Cola de gosma de lesma
Cientistas do Instituto Wyss de Engenharia Biologicamente Inspirada da Universidade de Harvard criaram a “biocola” com base no muco secretado pela lesma Arion fuscus, encontrada na Europa. O animal produz a substância como forma de defesa contra predadores.
Publicada na revista Science, a invenção não é tóxica, apresenta maleabilidade e ainda é três vezes mais forte do que qualquer outro adesivo usado na Medicina, sendo comparada pelos especialista à cartilagem humana.
Aderência a tecidos úmidos
Os pesquisadores inclusive testaram o material para fechar um buraco no coração de um porco vivo e obtiveram sucesso, visto que a cola não vazou ou soltou, mesmo com o tecido cardíaco úmido de sangue.
A grande vantagem é justamente essa, a aderência às superfícies úmidas. Para entender a importância da inovação, basta tentar colocar um curativo adesivo na pele molhada: em poucos segundos, ele se soltará.
Fórmula
A resposta por trás do sucesso da fórmula é pura química: há atração entre a carga positiva da substância com a carga negativa das células do organismo, assim como ligações entre os átomos na superfície com a cola e penetração do material no tecido.
Ainda por cima, a composição da cola para ferimentos inclui uma substância que é crucial para diminuir o estresse físico e a tensão que podem prejudicar a aderência do material.
Quando estará disponível?
Todos os tecidos do corpo podem receber a nova biocola em forma de líquido injetado em ferimentos profundos ou como um curativo exterior.
Apesar de ainda não haver amostras prontamente disponíveis para uso médico, a usabilidade do material já foi comprovada em testes com animais e tudo indica que haverá uma grande demanda para seu uso, ainda mais porque a fabricação é relativamente barata.
De acordo com os cientistas, o próximo passo é testar a duração e os efeitos adversos, além de tentar desenvolver versões biodegradáveis que desaparecem à medida em que o corpo se recupera.