A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, declarou a embaixadora do México e os diplomatas espanhóis como ‘persona non grata’
O governo interino da Bolívia declarou como ‘persona non grata’ nesta segunda-feira (30) a embaixadora do México, María Teresa Mercado, e os diplomatas espanhóis Cristina Borreguero e Álvaro Fernández, além de outros, que terão 72 horas para deixar o país.
“Este grupo de representantes dos governos de México e Espanha lesou gravemente a soberania do povo e do governo constitucional da Bolívia”, afirmou a presidente interina do país sul-americano, Jeanine Áñez, no Palácio de Governo de La Paz.
A Bolívia denunciou na sexta-feira passada que funcionários da Embaixada da Espanha compareceram acompanhados por “encapuzados” à residência de Mercado, que abriga antigos ministros do governo do ex-presidente Evo Morales que estão sendo processados por terrorismo e outras acusações.
Banidos
Durante a leitura do comunicado em que anunciou a decisão, Áñez garantiu que a Bolívia não é uma colônia de qualquer outro país e cobrou respeito ao processo que, segundo a presidente, “resultou na recuperação da democracia, após 14 anos de ditadura”, em referência ao período em que Evo Morales permaneceu no poder.
Pouco depois, a ministra interina de Relações Exteriores, Karen Longaric, concedeu entrevista coletiva e afirmou que a determinação do governo não implica, necessariamente, em uma ruptura das relações diplomáticas com México ou Espanha.
A titular da pasta garante ser o contrário, já que se trata de uma exigência da Bolívia que ambos os governos credenciem novos funcionários para substituir àqueles “que violaram a soberania e desrespeitaram normas bolivianas”.
Longaric disse que não existe qualquer outra possibilidade, senão a aplicação da Convenção de Viena, pedindo a retirada dos diplomatas citados do território boliviano.
O incidente
O governo da Bolívia acusou na última sexta-feira (27) a Embaixada da Espanha em La Paz, por causa da suposta ida de funcionários da delegação diplomática, em veículos oficiais, “encapuzados e provavelmente armados”, para a residência da embaixadora do México, que abriga cerca de dez membros da administração de Evo Morales.
Quatro desses antigos integrantes do governo têm contra si ordens de prisão, já que são acusados de crimes como terrorismo.
Os fatos foram interpretados pela Bolívia como uma intenção de retirar da casa da embaixadora os ex-ministros Juan Ramón Quintana, Wilma Alanoca e Javier Zavaleta, que aguardam um salvo-conduto para se asilarem no México.
Longaric afirmou hoje que o governo da Espanha não tinha conhecimento desta ação dos diplomatas do país europeu na Bolívia.