Léo Lins está impedido de fazer piada com mulher, negro, anão, deficiente, gay, trans, qualquer graça sobre regionalismo ou cultura em geral
ADRILLES JORGE
Não fale. Não pense. Não critique. Não faça piada. Não ofenda. Não odeie. Não divirja. Seja livre, desde que sua liberdade seja adequada ao discurso que a esquerda “progressista” e identitária enfia na tua goela abaixo. Não critique nenhuma minoria, nenhuma pessoa ligada à minoria frágil; não conteste ou critique nenhuma autoridade nas instituições. Tudo e todo pensamento crítico será criminalizado se não se adequar ao que lhe mandamos pensar, fazer e dizer. É para teu bem. É em nome da democracia, do bem estar social, em nome da defesa das pessoas, em nome do teu bem, do amor. Assim é o discurso da esquerda, incrustada em todos os lugares da cultura brasileira hoje: universidades, mídia, Judiciário, Executivo, escolas, tudo. O discurso da opinião única que destrói todo pensamento dissonante, toda pessoa dissonante.
Um amigo meu comediante famoso, me liga estarrecido: “Cara, censuraram o Léo Lins! Proibiram o cara de fazer piada, impediram o cara de sair da cidade! Ele está impedido de fazer piada com mulher, negro, anão, deficiente, gay, trans, qualquer graça sobre regionalismo ou cultura em geral!
“O humor morre com a esquerda identitária. Todos se sentem ofendidos, todos são oprimidos e na base da auto percepção da ofensa, usam da vitimização para poderem massacrar, censurar e prender livremente outras pessoas, sem sofrer represália, porque são os oprimidos preferenciais. A esquerda proíbe o humor, a caricatura, o pensamento crítico do humor. Tudo vira “discurso de ódio”. Humor vira ofensa. Piada vira ofensa. Arte viva ofensa. E ofensa vira crime.
Perguntei ao meu amigo humorista em quem votou: “No Lula. Sou um cara de centro-direita, mas Bolsonaro não dava, cara . É o fascismo”. O comediante de centro-direita votou no cara de extrema-esquerda, iludido e manipulado por um discurso midiático de esquerda. O humorista — que supostamente deveria ser alguém inteligente, observador por ser humorista — vota no próprio suicídio e na morte do humor e da própria classe humorística, manipulado por uma ideologia esquerdista que está impregnada na própria classe, impregnada em todos os lugares.
Piada como discurso de ódio. Crítica como discurso de ódio. Discurso de ódio como crime. Equação perfeita. Quem vai se colocar a favor do ódio? Flávio Dino sabe disso, quando ameaça num discurso eivado de ódio “do bem” os representantes das redes sociais no Brasil: “Ou vocês se adaptam às nossas imposições ou sofrerão medidas coercitivas!”
“Vocês viram o que ocorreu nas eleições!”, diz Dino. Todos nós vimos, ministro. Vozes censuradas, pessoas presas sem saber do que estavam sendo acusadas, perfis removidos, críticas proibidas. Não era possível dizer que Lula era ladrão — mesmo sendo condenado de corrupção. Mas era permitido dizer que o Bolsonaro era assassino em massa, claro, em nome da liberdade de expressão. Mostrando o que aconteceu nas eleições às redes sociais, o ministro os ameaça então de quê? As redes podem ser banidas, desaparecerem, seus chefes presos, censurados, desmonetizados. A megalomania autoritária do ministro, escorada na autocracia de perseguição do Judiciário e no endosso da grande mídia, faz o ministro querer que até o Google não tenha opinião própria e diga o contrário do que pensa. E ai de quem não obedece! Twitter, Facebook, Instagram, Telegram, Google, todos podem desaparecer. Tudo em nome da democracia, claro. O ministro mistura nazistas — onde eles estão no Brasil? — , assassinos de crianças e direitistas que cometem crime de opinião contra o Estado. Tudo no mesmo saco. Você , que diz que Lula é ladrão ou que o ministro Dino é ditador, vira nazista e assassino de criancinha, percebe a lógica ? Você e o Google são nazistas assassinos de crianças, se não obedecer as ordens do ministro .
Meu amigo humorista me chama de ingênuo. “É tudo cálculo político, Adrilles, não é só ideologia não”. Acho graça no humorista. De fato: É um cálculo político baseado num discurso ideológico que permite perseguir quem bem entender. Não vou com a cara do Léo Lins? Pego uma piada suja dele e o chamo de racista. Não vou com a cara do Adrilles? Pego uma opinião dele e digo que propagou fake news ou discurso de ódio. Quero destruir o Deltan Dallagnol porque ele combateu a corrupção dos meus amigos? Pego uma questiúncula jurídica, deformo a lei e casso seu mandato em nome do legítimo estado democrático de direito. Mais: quer destruir de vez quem combateu a corrupção? Pego a fala de Deltan criticando os monstros morais que o cassaram e digo que seu discurso é um ataque violento e fascista às instituições brasileiras. É assim que emerge a ditadura moderna, sob o manto da lei e da justiça moral e social. Censura-se , prende-se, persegue-se sempre em nome do bem geral de todos. As piores intenções dos piores ditadores são executadas em nome de leis, de boas intenções. Tudo escorado no discurso de esquerda, uma ideologia perfeita para abrigar as mais pérfidas intenções. Você massacra, esmaga, mata em nome do bem. Na Teologia, o mal sempre se disfarça do bem. O ressentido, o corrupto vê sua oportunidade de ouro em fazer o mal em nome de uma falsa justiça social ou moral, quer seja a defesa da democracia ou de alguma minoria. A ideologia de esquerda é o disfarce perfeito para o crime perfeito. Exagero? Olhem a História. As revoluções sangrentas, as ditaduras sanguinárias que mataram cem milhões de pessoas no século XX foram todas de esquerda. Todas visavam o bem estar social. A emancipação da Humanidade. Deu no que deu — está dando do que tá dando. No mundo e sobretudo no Brasil.
Recentemente, nosso Supremo Tribunal Federal aparelhado por indicados progressistas pelo lulopetismo, disse querer liberar todos os loucos dos hospícios. Significa, na prática, jogar pedófilos, assassinos, doentes mentais perigosos nas ruas. Segundo a ideologia esquerdista, a doença mental é subproduto de uma doença social estrutural e opressora. Alguns doidos varridos e perigosos seriam portanto personas singulares que não se adequam a este modelo estruturante opressor. Mais ou menos uma lógica parecida esquerdista que diz que o criminoso também seria uma vítima social. O que vemos hoje no Brasil, não por acaso, são criminosos soltos, assassinos soltos, corruptos soltos, alguns para voltarem ao poder, heróis presos, pessoas presas por crimes de opinião, por combaterem o crime e fazer piada. Esta é a lógica da esquerda no Brasil e no mundo. Um hospício em que os loucos tomaram o poder e trancafiam os cidadãos de bem em um estado invertido de loucura calculada.