Super bateria de Nióbio brasileira deve revolucionar mercado de carga pesada
Duas indústrias peso-pesado do Brasil se uniram com uma missão, criar super bateria de Nióbio. A Volkswagen Caminhões e Ônibus – VWCO e a CBMM – Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração fizeram um acordo para desenvolverem e produzirem super baterias para veículos elétricos de grande porte fazendo uso do metal Nióbio. Leia a matéria completa e entenda o poder deste metal que praticamente só existe no Brasil.
Tecnologia do futuro
Ricardo Lima, vice-presidente da CBMM, afirma que a bateria de Nióbio está sendo desenvolvida já há três anos numa parceria com a japonesa Toshiba. E detalha: “Pela primeira vez estamos implementando esta solução que, devido ao uso do óxido de Nióbio no ânodo da bateria, permitirá uma operação de carregamento ultrarrápido, em menos de 10 minutos, maior durabilidade, vida útil e segurança”.
Segundo a Volks, o acordo com a CBMM é estratégico, pois a empresa está consolidada como uma referência mundial no desenvolvimento de novas tecnologias com nióbio para baterias de íons de lítio. Já a Volkswagen Caminhões e Ônibus entrará com sua expertise para estabelecer o comportamento dessas baterias em veículos, com todos os parâmetros de segurança e qualidade para concretizar o desempenho esperado.
“Há três anos acumulamos experiência na eletrificação e agora aplicaremos essa expertise para viabilizar uma nova tecnologia em baterias. Nosso centro de desenvolvimento de e-Mobility em Resende usará nossa patenteada arquitetura modular para veículos elétricos para expandir a plataforma, que iniciou no e-Delivery, e agora avança para novos modelos. Essa aliança com a CBMM será mais um importante elo rumo à mobilidade do futuro. Nosso objetivo é criar uma solução de recarga ultrarrápida, pioneira na América Latina”, avalia Roberto Cortes, presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Segundo a Volkswagen, a tecnologia que será empregada nas baterias é fruto de uma pesquisa de mais de três anos feita em conjunto com a Toshiba, uma das mais icônicas empresas de tecnologia do Japão. A expectativa é de que, com o uso do nióbio, as células possam ser carregadas totalmente em 10 minutos, além de ter uma durabilidade bem maior do que as baterias atuais.
Produtora de nióbio se une a laboratório do Sirius para fabricar supercondutores
A CBMM, líder mundial na produção e comercialização de produtos de nióbio, e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) fecharam um acordo de cooperação para desenvolver materiais supercondutores à base de nióbio. O CNPEM abriga o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) onde está o Sirius, o maior acelerador de partículas do Brasil, localizado em Campinas (SP).
A ideia dos pesquisadores é aproveitar o conhecimento da CBMM na metalurgia do nióbio para avançar no desenvolvimento de materiais supercondutores. Recentemente, o Brasil foi aceito como membro associado da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), que trabalha no projeto do Futuro Colisor de Hádrons (FCC) e vai depender desse tipo de material para funcionar.
Sirius
O acordo com a CBMM também prevê a utilização das ligas de nióbio-titânio no acelerador de partículas brasileiro. O Sirius é um laboratório de luz síncrotron de quarta geração que funciona como uma espécie de raio-X superpotente, capaz de analisar diferentes categorias de materiais em escala atômica.
A observação dessas estruturas é feita ao acelerar os elétrons a uma velocidade próxima à da luz, fazendo com que eles se desloquem em um túnel com 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Esses elétrons são então enviados para um segundo acelerador, onde são reorganizados.
Por que criar uma bateria de Nióbio?
Nióbio é como jabuticaba: praticamente só tem no Brasil. O país tem 98% das reservas mundiais e a CBMM atende, sozinha, a 80% da demanda mundial.
O metal é usado principalmente em ligas especiais, misturado a outros metais, como aço, titânio ou cobre. Essas são empregadas em múltiplas funções, quase todas ligadas à alta tecnologia: turbinas de avião, carros, supercondutores, aparelhos de ressonância magnética etc. A bateria de Nióbio é um uso inovador.
O Nióbio, assim, é ao mesmo tempo estratégico e pouco valorizado. É um metal em busca de mais usos. E a bateria de Nióbio brasileira, se for tão poderosa quanto promete, pode se mostrar uma via para as duas empresas e para o nosso país.
Origem do Nióbio
O Nióbio foi descoberto pelo químico inglês Charles Hatchett em 1801, a partir de estudos do mineral columbita. Ele nomeou o novo elemento encontrado de columbium (Cb). Posteriormente, em 1846, de forma independente, o químico alemão Henrich Rose descobriu o elemento e nomeou-o de nióbio, nome adotado pela comunidade internacional a partir de 1950.
O Nióbio é um metal brilhante, extraído principalmente do mineral columbita, e considerado de baixa dureza. No decorrer do texto, falaremos um pouco mais sobre suas propriedades químicas e físicas.
1ª Feira Brasileira do Nióbio
Presidente Jair Bolsonaro participou da cerimônia alusiva à 1ª Feira Brasileira do Nióbio e de ato de acionamento de cinco novas linhas de luz síncrotron, em Campinas (SP), na última sexta-feira(08). Assista abaixo como foi a cerimônia de abertura do evento.